Com história ligada à construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, município de Guajará-Mirim completa 93 anos
Com o nome originário do Tupi-guarani, Guajará-Mirim significa “Cachoeira Pequena”. O município rondoniense que é conhecido como “Pérola do Mamoré”, por estar situado à margem direita do rio de mesmo nome, completa neste domingo (10), 93 anos de instalação. Localizada na fronteira Brasil-Bolívia a 330 quilômetros da Capital, Porto Velho, a cidade tem sua história intimamente ligada à construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré – EFMM.
Com 46.556 mil habitantes, segundo dados do Senso 2020, é o 8º município em população no Estado de Rondônia. Segundo em extensão territorial, com uma área de 24,8 mil quilômetros quadrados e ganhou em 2008, do Instituto Ambiental Biosfera, no Rio de Janeiro, o título de “Cidade Verde”, em razão do mosaico de áreas protegidas no interior do município, como o Parque Nacional da Serra da Cutia, preservado pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMbio) e o Parque Estadual de Guajará-Mirim que também faz parte desse imenso cenário verde
HISTÓRIA
Até o início do século XIX, “Guajará-Mirim era apenas uma indicação geográfica para designar o ponto brasileiro à povoação boliviana de Guayaramerín” (Vítor Hugo – Os Desbravadores). Naquela época, a povoação era conhecida como Esperidião Marques.
Em abril de 1878, em função do Tratado de Ayacucho, foram enviadas para Corumbá (Mato Grosso) as “Plantas Geográficas dos Rios Guaporé e Mamoré”, sendo que a cartografia para delimitar os limites fronteiriços dos rios Guaporé e Mamoré foi levantada e apresentada pela 2ª seção brasileira, sediada na mesma cidade, tendo sido todas chanceladas pelos delegados brasileiros e bolivianos. Continuando a descrição diz “Destas cabeceiras continuam os limites pelo leito do mesmo rio até sua confluência com o Guaporé, e depois pelo leito deste e do Mamoré até sua confluência com o Beni, onde principia o Rio Madeira. Em 1878 e 1879, houve troca de notas da chancelaria boliviana com a Embaixada do Brasil em La Paz, acusando o recebimento e aprovando a “Carta Geral”, conforme ajustado na 7ª Conferência da Comissão Mista.
Em 17 de novembro de 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis com a Bolívia, o Brasil se comprometia a construir uma estrada de ferro, ligando os portos de Santo Antônio do Rio Madeira, em Porto Velho, ao de Guajará-Mirim, no Rio Mamoré, destinada ao escoamento dos produtos bolivianos. Os direitos sobre tarifas seriam recíprocos e a localidade foi se tornando conhecida no país com repercussão no exterior.
No ciclo da borracha, a extração do látex foi, sem dúvida, ponto decisivo na vida do município. A construção do transporte ferroviário (Estrada de Ferro Madeira-Mamoré) veio acelerar o povoamento local, contribuindo no incremento da agricultura, além do extrativismo vegetal proporcionado pela vasta e rica vegetação natural existente. Estes e outros fatores, também de relevante importância influíram na subsistência da localidade.
Em 30 de abril de 1912, foi concluída a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e inaugurada oficialmente em 1º de agosto do mesmo ano. Ainda naquele ano, a 8 de outubro, o Governo da Província de Mato Grosso instalou, na localidade, um posto fiscal, também com a incumbência de arrecadar impostos, sob as ordens do guarda Manoel Tibúrcio Dutra.
Em abril de 1917, chegou à região de Guajará-Mirim o capitão Manoel Teófilo da Costa Pinheiro, um dos membros da Comissão Rondon. Através dos meandros e lagos do rio Cautário, encontrou algumas poucas centenas de seringueiros nos barracões da Guaporé Rubber Company, empresa que monopolizava a compra e exportação da borracha produzida na região, na época gerenciada pelo coronel da Guarda Nacional, Paulo Saldanha.
Em 26 de junho de 1922, através da Resolução 879, o presidente da Província de Mato Grosso transformou a povoação de Espiridião Marques em distrito de paz do município de Santo Antônio do Rio Madeira. Quatro anos mais tarde, em 12 de julho de 1926, a povoação foi elevada à categoria de cidade, por ato assinado também pelo então presidente da Província de Mato Grosso, Mário Correa da Costa. Em 12 de julho de 1928, pela Lei 991, assinada pela mesma autoridade, o distrito foi elevado à categoria de município e comarca com área desmembrada do município de Santo Antônio do Rio Madeira, tomando o nome de Guajará-Mirim, já usualmente designado pela população. O município foi oficialmente instalado em 10 de abril de 1929.
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
O atual Governo de Rondônia tem realizado ações visando o desenvolvimento do município. A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – Sedam, tem realizado ações de monitoramento da biodiversidade, por meio do Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade em parceria com o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia – Arpa, que tem como objetivo promover o envolvimento socioambiental entre os moradores da região.
As informações coletadas em campo, servem de indicativos da situação ambiental da floresta, e que vão auxiliar na construção de políticas e ferramentas para a gestão da unidade.
AGRICULTURA
Em dezembro de 2021, extrativistas e agricultores da Unidade de Conservação da Reserva Extrativista (Resex) do Rio Ouro Preto, no município de Guajará-Mirim, receberam 600 quilos de calcário, cada. Insumo importante para a recuperação de solos degradados e o desenvolvimento de atividades agrícolas. A ação faz parte do programa “Mais Calcário”.
Em março de 2022, equipamentos agrícolas que visam atender a agricultura familiar, foram entregues aos produtores rurais de Guajará-Mirim.
Mudas de café também foram entregues aos extrativistas da Reserva Rio Ouro Preto, zona rural do município.
Os investimentos são da Secretaria de Estado da Agricultura – Seagri e a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural -Emater. Para o município, foram entregues:
uma retroescavadeira com pá carregadeira avaliada em R$ 410.000,00 (quatrocentos e dez mil reais);
duas carretas basculantes capacidade para seis toneladas, valor total R$ 53.861,54 (cinquenta e três mil, oitocentos e sessenta e um reais e cinquenta e quatro centavos);
uma colhedora de folhagem avaliada em R$ 54.026,99 (cinquenta e quatro mil, vinte e seis reais e noventa e nove centavos);
uma máquina empacotadeira e compactadora de silagem no valor de R$ 14.447,52 (quatorze mil, quatrocentos e quarenta e sete reais e cinquenta e dois centavos);
dois distribuidores de calcário, valor total R$ 57.040,00 (cinquenta e sete mil e quarenta reais);
dez roçadeiras manuais, e
Cento e quarenta mil mudas de café clonal.
Desta forma, o Executivo Estadual mantém fortalecida ações de investimentos para o município e destacando as potencialidades de Guajará-Mirim para que o município possa continuar contribuindo com o desenvolvimento do Estado.
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